segunda-feira, 16 de abril de 2012

OS QUASE CRISTÃOS


ESTE Sermão foi pregado em Londres, cerca de um mês antes de o ser em Oxford. O tipo de caráter ai descrito não se limita a tempos ou a lugares. Os primitivos metodistas de Oxford viviam a melhor fase da vida “quase cristã”. Sinceridade, zelo, observância escrupulosa das ordenanças, invariável diligência no cumprimento de todos os deveres, combinavam-se para constituir o caráter que, por zombaria, recebeu o qualificativo de “Metodista”. Não obstante tudo isso, neste sermão o pregador declara que aquelas qualidades pertencem somente aos “quase cristãos”. Sem a essência da verdadeira piedade, essa forma exterior de devoção se toma destituída de valor. Que Wesley não acreditava que os elementos da genuína religião se encontrassem no caráter aí descrito, é evidente do Sermão 9, no qual ele faz o contraste entre o mesmo legalismo e a inimizade natural, ou indiferença. Nada poderia marcar mais decididamente o sentido da suprema importância da crise conhecida como conversão, do que o fato de ele reduzir toda a graça precedente a nenhum valor, desde que lhe falte o coroamento da experiência que transforma o quase em perfeitamente cristão.
Seu apelo aos ouvintes, evocando sua própria, experiência, é característica do pregador. Ele mostra-se profundamente destituído do orgulho de opinião, da falsa coerência, que leva o homem a aderir ao erro, simplesmente por ter tido uma vez a desventura de incorrer nesse erro. Wesley pode falar de si mesmo como se fosse outro homem, e usa seu próprio exemplo para prevenir os ouvintes contra o erro. Há casos de autocondenação muito diferentes deste. Alguns recém-convertidos têm posto em relevo sua carreira má e em outras ocasiões a têm mesmo denegrido, para tornar mais vivo e frisante o contraste com o estado atual. Tal prática é perigosa, senão censurável. Os grandes pecados desta vida se há grande necessidade de serem mencionados por um homem convertido, devem-se lembrar com profunda tristeza e temor de rebaixamento próprio que deixem muito longe qualquer vestígio de gabolice. Proceder de outro modo é correr o risco de criar uma impressão que muito se distancia da que pretendesse causar. O ouvinte pode não nutrir sentimento de gratidão em face do reerguimento de um tão grande pecador, mas, ao contrário, certa dúvida no tocante à genuinidade do propósito e à realidade da mudança. No caso de Wesley, as alusões à sua própria experiência são pertinentes e são feitas num espírito de verdadeira humildade, visto que as acusações que ele faz a si próprio representam um esforço para servir a Deus, de modo muito mais elevado do que as profissões mais solenes de muitos que lhe ouviam o discurse. Este contraste é frisante. Se seu zelo e consciência foram além da medida, qual poderia ser a condenação por parte daqueles, que nenhum apreço davam às coisas que constituem a verdadeira, vida cristã? Este sermão nos dá um esboço das “Regras Gerais das Sociedades Unidas”, que foram publicadas primeiro em 1743, aproximadamente dois anos depois da prolação deste discurso.
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